terça-feira, novembro 15, 2005

Podes vir a qualquer hora. A meio da noite, embrulhada em sono e impaciência resmungante de quem só quer dormir; ao raiar da manhã banhada a luz; podes vir à tarde ou depois dela; podes vir quando quiseres.
Podes vir. Tenhas partido os braços, o pescoço, a alma, as pernas, o coração ou perdido as vísceras pelo caminho; tenhas chorado o dia inteiro ou a vida te pareça consoladora como o sol; tenhas em ti toda a raiva pela humanidade, só medo, ou a certeza de que todas as pessoas valem; podes vir como quiseres.

São as minhas mãos, os meus braços e a largura do meu tronco maior que o teu. A minha omoplata larga, osso, músculo, fibra, carne, fleuma. Tudo, sempre, inevitavelmente à tua espera, do teu riso ou da desilusão, de ti, na certeza absoluta de que sempre que sais regressas. As minhas mãos para ti, para o teu corpo, para a tua boca ou para o teu cabelo, os meus braços para te abraçar.
Eu, enfim, ou a certeza absoluta de que chegaste a casa.


Banda Sonora: «Fix You», Coldplay

Acrescento(s): Sim, eu também acho o post foleiro, mas cada um escreve o que pode. Alguém reparou como eu ando solidária com os desgraçados que partem o pescoço? ;)

segunda-feira, novembro 14, 2005

Aparentemente...

... nada como escrever Paulo Coelho para fazer o contador de visitas disparar. Paulo Coelho, Paulo Coelho, Paulo Coelho, ...

sexta-feira, novembro 11, 2005

Sinto-me...

... uma herege pelo post anterior. A este ritmo, ainda me torno num Paulo Coelho portugês, o que, como se sabe, ninguém merece.
Ainda por cima, por muito que o apague, tenho sempre um comentário acerca de como arranjar bicicletas. Deus castiga...

«If praying were enough it would've come to be »

Agora, que tudo acalmou; agora, quando todos os dias me consumo em raiva em frente ao espelho, a lavar devagar os dentes, a gritar muda a raiva de ter 24 anos, efectivos, contadinhos num calendário regular, e não poder lavar os dentes sem uma palhinha.
Agora, que já não ouço perguntar se ainda mexo braços e pernas ao ritmo de três vezes por hora; agora, quando já não permito a ninguém que me toque nos pés para saber se os sinto; agora, que não tenho medo de morrer (já).
Agora, que sei que o tempo passa mais ou menos rápido e que para mim, lavar os dentes em raiva espumosa é só mais um bocadinho; agora...
...Ponho-me a pensar em como será viver todos os dias com a mesma raiva e, sim, ponho-me a pensar em ti, depois do choque mudo do outro dia, ponho-me a pensar na tua mesma idade, no teu mesmo acidente, e na lotaria do destino que te fez ter de suportar a vida todos os dias sem força nas pernas e me poupou a mim, a mesma idade e o mesmo acidente; ponho-me a pensar se também repetiste, também enterrado em medo, «não vou ficar doente», enquanto o teu carro rodava não sabes bem por onde, se também pensaste «vai parar e vou ficar bom», colado ao banco, espiralando pela estrada.
Agora, parece-me repugnante a ideia de Deus. Por muito que as minhas pernas e os meus braços mexam. Fuzilem-me.

segunda-feira, novembro 07, 2005

Aqui...

... toda a gente adora gelatina.