terça-feira, julho 21, 2009

Terapia Bioenergética

A Psicologia é uma coisa séria. A sério que sim.

Eu sei o que as pessoas acham. Que os psicólogos sabem tudo, que adivinham as suas intenções mais secretas e horrendas, que saberão os seus segredos mais profundos. Às vezes, fantasio que as pessoas acham que eu saberei, só de lhes olhar para os olhos, de relance, coisas escabrosas, como terem comido chocolates do chão sujo ou não lavarem as mãos depois de fazer chichi. Ou fantasiarem ser espancadas. Com mordaças bafientas na boca e as mãos atadas a uma cama.
Em alternativa, algumas pessoas consideam que os psi´s não sabem nada, que a psicologia são tretas e pessoas estranhas com manias esquisitas, que não resolvem problemas. Que é curso de miss (e, Deus me livre, é um bocado). Que uma alma atormentada deve resolver-se sozinha e que as pessoas a sério não precisam de terapia e que lavem as suas feridinhas, e rápido. As pessoas que dizem isto são, invariavelmente, brutalmente defensivas, mas isto não vem ao caso agora.

Acredito, e acredito mesmo, que a grande maioria das pessoas podia mesmo, mas mesmo, beneficiar com terapia. Não me apetece explorar muito o assunto, mas quem não tiver arestas de personalidade para limar, quem achar que não podia ser mais assertivo, confiante ou coisa que o valha devia, tendo dinheiro para isso,deve procurar um terapeuta já. Os outros, têm então essas limitações para resolver.


Mas tudo isto para vos dizer que no dia em que tiverem dinheiro, tempo e juízinho para se deitarem no divã, procurem um divã decente. E com isto, refiro-me não à qualidade do dito, mas à postura do terapeuta que vos ouvirá.

Uma amiga contou-me há algum tempo que o namorado fez terapia bioenergética. Da referida terapia constava, entre outras coisas, ser espezinhado pelo terapeuta com toda a força, até ter coragem para dizer um assertivo e dorido «chega», ou carregar almofadas como símbolo de todas as pessoas que se carrega às costas ou ao colo. Medo, medo, medo.

Cognitivo comportamental, dinâmico, narrativo, o terapeuta que quiserem. Mas um terapeuta bioenergético, por favor, não. Vocês não querem pagar 80 euros à hora para alguém se saltar em cima das vossas costas enquanto o grupo observa, até dizerem «não». Por muito avariados que estejam, não querem.

sexta-feira, julho 17, 2009

Venerações

Estive numa conferência com a Dra. Maria Barroso. Esteve sentada ao meu lado, dei-lhe um beijinho e não consegui dizer-lhe nada melhor que «Admiro-a imenso». Mas disse. E quero dizer-vos que ela é elegantíssima, lindíssima, de sapatos, unhas e agilidade perfeita, e fala tão bem, viveu tanto e sabe tantas coisas. Mas tudo isso é relativamente irrelevante, porque mais que isso, a Maria Barroso acredita e isso vê-se. Fascinou-me. E pronto, tinha de dizer isto.

segunda-feira, julho 13, 2009

Saltos Qualitativos na Vida de Uma Mulher

A senhora da Aldo do Freeport diz-me «Olá, está boa?». A da Made In do Campera sabe o meu nome, o número do meu pé e metade da minha vida.

terça-feira, julho 07, 2009

Coisas Que Eu Queria Ter e Nunca Tive (I)

- Um par de Manolo;

- Uma bimby;

- Um rabo pequeno.

sexta-feira, julho 03, 2009

Dos Hai Faives em Geral

Antes de tudo resto, uma consideração inicial: não me falta muito para chegar aos 30. Este facto poderia não ter qualquer relação com este post, mas parece-me que tem e que a idade cronológica determina, e muito, a nossa relação com a tecnologia.
Gente com quase trinta passou a infância a esfolar joelhos e a andar de biclieta. Brincámos com vizinhos no meio da rua sem vigilância paterna a partir dos seis anos, embalámos Nenucos, Barbies e Barriguitas, adorámos o He-Man, esperámos horas em frente à TV, fartinhos da cara e das patilhas do eng. Veloso, em espera histérica pelos «bonecos».
Devo ter visto a internet a primeira vez por volta dos 15. Quando a internet apareceu, usavam-se programas de chat um bocado estranhos, com fundo preto, em que apenas aparecia o nick de alguém seguido do sinal >. Nessa altura, o Mirc era o máximo e, quando andava na faculdade, ser Op ou Voice num canal importante era a loucura. As pessoas usavam nicks estranhos: os rapazes, qualquer coisa preferencialmente viril, as miúdas, quando se achavam modernas, sensuais e crescidas, qualquer-coisa-woman, quando se achavam mais miúdas e catitas, qualquer-coisa-girl. As conversas iniciavam-se por «ddtc», seguido de «m/f». Ninguém perdia tempo.
Lembro-me de algumas coisas particularmente importantes na minha relação com tecnologias. Vi o meu segundo namorado a primeira vez na televisão e soube qual o nick dele pelo topic de um canal. Achei-o giro e espertíssimo (sempre gostei de homens espertos) e meti conversa. O resto, podem imaginar como foi.
Na sequência disto, uma vez o meu nome foi citado no #coimbra e o meu coração bateu como bateria hoje se eu comprasse uns Manolo.
Nessa altura, costumava jogar um quiz online e havia, inclusivamente, um canal paralelo em que se discutia o que ia acontecendo no quiz. Sabia muitas coisas, mas não era muito rápida a escrevê-las. Não pontuava muito, mas, à conta do quiz,ainda sei citar «linguagens de programação». Antigas. Ainda hoje conheço e adoro pessoas do canal de quiz. Foram aliás, essas pessoas que, contra a minha violenta resistência, me falaram de um programa de chat novo, chamado... msn. Não sei se o mirc ainda existe.

Ora, tudo isto para justificar que já sou velhinha (credo!) e que algumas das coisas que vou dizer podem ser completamente anacrónicas, mas cá vai.

Pessoas deste mundo: o hi5 não é, repito, não é: uma revista pornográfica, um chá de tias na Av. de Roma ou um exibir de qualidades intelectuais. Pelo que, oh pessoas, vamos lá a ter juízo.
Quero com isto aconselhar-vos que, a bem do bom senso, da moral pública e, principalmente, da vossa imagem, se abstenham de algumas coisas:
1) Colocar-vos em bikini, à disposição do povo. Reparem, meninas, vocês podem ser generosas, altruístas, elegantes e sem ponta de celulite, mas algumas outras meninas colocam-se igualmente escanchadas e despidas em páginas de revista e ganham dinheiro com isso. Dá-vos um ar vulgar, como o dessas meninas. Nota particularmente negativa para meninas enganchadas umas nas outras, em lotes de muitas-em-bikini. Me-do.
2) Do mesmo modo, é-nos bastante irrelevante saber onde foram nas últimas férias. Oh pessoas, e a mim que me importa saber que a praia onde se fotografaram contra a baía é na Grécia, quando afinal é tão parecida com a Nazaré? E que me interessa o vosso popó topo de gama, que nunca se sabe afinal de quem é, ou o barco do amigo ou, cúmulo dos cúmulos, o colégio onde andaram ou, pior ainda, em que zona de Lisboa moram?
3) Por último, a exibição intelectual. Dividimos dois grupos: os Paulos Coelhos e os Gothan Projects. Aos Paulos Coelhos, só me ocorre dizer: «Larga!». Cuidado com o Paulo Coelho, que já é suficientemente mau sozinho e, nunca, nunca o associem a Nora Roberts. Se isso vos ocorrer, enfiem-se no wc mais próximo e batam com a cabeça numa esquina enquanto dizem «Paulo Coelho». A associação Paulo Coelho/ dor vai ajudar. Aos Gothan Projects, tenham juízo. Procurem lá mais um filmezinhos, conheçam lá mais uns realizadores (há os malaicos, os turcos, os árabes, os franceses, há o mundo inteiro) e não se armem em espertinhos. Já não há saco para o Eternal Sunshine of The Spotless Mind como filme preferido. Há melhor. Há, há. Eu garanto.

Naturalmente, poderão dizer que passei muitas horas no hi5 a ver isto tudo. Eu, pecadora, me confesso. Mea culpa.