sábado, novembro 03, 2007

Os homens são todos iguais (I)

No príncipio deste ano lectivo, quis o meu ego securizar-te e apaziguar-se com a certeza de que as crianças do sítio onde trabalho não teriam esquecido o meu nome durante as férias.

Na sala dos 3, está-se no exercício da função simbólica em plena forma. A possibilidade de representar algo por alguma coisa permite à criança brincar, desenhar e fingir. Neste universo do faz-de-conta, um adulto disponível para comer e beber coisas imaginárias servidas em chávenas e pratos de plástico colorido vale muito, e era nessa orgia alimentar que eu estava quando perguntei ao Machado:
«Como é que eu me chamo?»
Confuso, respondeu-me:
«Teresa»
E eu neguei, rejeitando o «café», com que a dizer só bebo o «café» da chávena de plástico quando souberes o meu nome.
«Catarina»
«Não»
Um sorriso traquina, traquina.
«Chamas-te menina

E bebi o «café», a rir-me.

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