A Psicologia é uma coisa séria. A sério que sim.
Eu sei o que as pessoas acham. Que os psicólogos sabem tudo, que adivinham as suas intenções mais secretas e horrendas, que saberão os seus segredos mais profundos. Às vezes, fantasio que as pessoas acham que eu saberei, só de lhes olhar para os olhos, de relance, coisas escabrosas, como terem comido chocolates do chão sujo ou não lavarem as mãos depois de fazer chichi. Ou fantasiarem ser espancadas. Com mordaças bafientas na boca e as mãos atadas a uma cama.
Em alternativa, algumas pessoas consideam que os psi´s não sabem nada, que a psicologia são tretas e pessoas estranhas com manias esquisitas, que não resolvem problemas. Que é curso de miss (e, Deus me livre, é um bocado). Que uma alma atormentada deve resolver-se sozinha e que as pessoas a sério não precisam de terapia e que lavem as suas feridinhas, e rápido. As pessoas que dizem isto são, invariavelmente, brutalmente defensivas, mas isto não vem ao caso agora.
Acredito, e acredito mesmo, que a grande maioria das pessoas podia mesmo, mas mesmo, beneficiar com terapia. Não me apetece explorar muito o assunto, mas quem não tiver arestas de personalidade para limar, quem achar que não podia ser mais assertivo, confiante ou coisa que o valha devia, tendo dinheiro para isso,deve procurar um terapeuta já. Os outros, têm então essas limitações para resolver.
Mas tudo isto para vos dizer que no dia em que tiverem dinheiro, tempo e juízinho para se deitarem no divã, procurem um divã decente. E com isto, refiro-me não à qualidade do dito, mas à postura do terapeuta que vos ouvirá.
Uma amiga contou-me há algum tempo que o namorado fez terapia bioenergética. Da referida terapia constava, entre outras coisas, ser espezinhado pelo terapeuta com toda a força, até ter coragem para dizer um assertivo e dorido «chega», ou carregar almofadas como símbolo de todas as pessoas que se carrega às costas ou ao colo. Medo, medo, medo.
Cognitivo comportamental, dinâmico, narrativo, o terapeuta que quiserem. Mas um terapeuta bioenergético, por favor, não. Vocês não querem pagar 80 euros à hora para alguém se saltar em cima das vossas costas enquanto o grupo observa, até dizerem «não». Por muito avariados que estejam, não querem.
terça-feira, julho 21, 2009
Terapia Bioenergética
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Luz
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quarta-feira, setembro 19, 2007
Da já menos nova série «Isto não especifica o DSM»
Acho, convictamente, que as moderninhas fora do Birro Alto não me curtem ao primeiro impacto. Genericamente, porque tenho o cabelo com madeixas, não uso sapatos que parecem feitos de loiça, nem tão pouco sapatos diferentes de pé para pé. Nem brincos, cabelo ou roupa muito às cores. Terei um padrão de personalidade paranóide?
Esclareça-se: ao fim de, no máximo, 20 minutos, as moderninnhas já não resistem ao meu charme (sou psicóloga e tenho uma tatuagem, o que faz de mim übber cool).
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Luz
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9:22 da tarde
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sexta-feira, setembro 14, 2007
E agora, perguntam vocês, porque é que continuas a ler esse cretino
A Luz explica: ele tem assim, às vezes, umas ideiazinhas brilhantes.
(E não fofos, não, não tenho uns traços de personalidade masoquista.)
«A criança agressiva encontra-se normalmente dividida entre duas tendências contraditórias. Temendo o abandono, porque geralmente o sofreu, manifesta uma necessidade despótica e desproporcional de provas de amor, mas, a partir do momento que começa a obter respostas activas a essa necessidade, defende-se delas, receando um sofrimento afectivo ulterior mais forte do que o que está a experimentar: a rejeição. Na verdade, tudo se passa como se ela estivesse a antecipar essa rejeição. (...) A criança oscila, pois, permanentemente entre uma angústia presente e real e uma angústia futura e fantasmática o que a leva a defender-se não só do afecto que lhe dão, mas também do que sente.» (p.60)
Eu acho isto absolutamente certo.
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Luz
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10:59 da manhã
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Da série, já menos nova, «Deitem-me no Divã Dinâmico e Analisem-me até aos Ossos»
A propósito da encoprese, ou do cocó nas cuecas até muito tarde, o nosso infra citado e brilhante pedopsiquiatra afirma que, quando ainda não faz-cocó-no-bacio, a criança:
«(...) ainda não atingiu o estádio de maturidade que lhe permita estabelecer uma distinção entre as dejecções e o próprio corpo. (...) a expulsão equivale a um verdadeiro atentado à integridade física, a uma perda de substância, quase uma amputação. Portanto, fazer as necessidades nas fraldas permite-lhe, por um lado, "ignorar" a perda de substância e, por outro, conservar-se intacta.»
E se a mãe insistir com a criança ainda-não-preparada para que passe a usar o bacio:
«(...) acaba por ser sentida como perigosa, pois é ela quem quer impor o que a criança sente como uma mutilação. Perigosa, logo não afectuosa.»
Por fim, outro erro craso da mãe:
«A aquisição do asseio poderá também ser parasitada pela noção de "prenda" que a mãe introduz na relação: fazer cocó no bacio é, de certa maneira, dar à mãe o prazer que ela lhe proporciona ao alimentá-la» (à criança)
Mesma referência bibliográfica, p.70
Nem um único comentário: me quedo muda.
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Luz
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10:42 da manhã
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terça-feira, setembro 11, 2007
Da nova série, que se inaugura, «Deitem-me no Divã Dinâmico e Analisem-me até aos Ossos»
Acerca do onanismo infantil: «(...) a masturbação é mais frequente nas raparigas que nos rapazes. Quando este toca o sexo com frequência, não o faz para obter prazer, mas sim porque está a descobrir o corpo, tal como antes descobriu as orelhas ou o nariz, ou porque, vítima de uma angústia de castração, precisa de se certificar constantemente da sua existência.»
Rota, Michel (1991), Comunicar Com a Criança, Edições Privat.
Página 54. O sublinhado é meu.
Só me ocorre questionar, face ao brilhatismo do supra citado, se o hábito de coçar o-que-nós-sabemos é, pois, um prolongar da angústia existencial da castração, mas ao longo da vida.
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Luz
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12:36 da manhã
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sábado, setembro 08, 2007
Da nova série, que se inaugura, «Isto não especifica o DSM»
A partir de quantas vezes seguidas a ouvir a mesma música desenvolvemos uma POC?
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Luz
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9:09 da tarde
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