quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Dia dos Namorados

É, talvez uma das nossas melhores clientes e nós vendemos flores. É, também, uma senhora simpática, que costuma fazer coisas bonitas à frente dos meus olhos e a quem costumo perguntar o que me atormenta a alma, no que às flores concerne.
Este ano reparei que entraram imensas mulheres. Era, ainda, dia 13; mas havia inclusivamente uma secção de ramos mais, como dizer, masculinos, estilizados e bordados do universo dos homens, cheios de estruturas metálicas e rolos de desperdício.
Nunca resisto a uma boa pergunta, e a natureza das pessoas continua a fascinar-me. Perguntei-lhe, pois, se muitas mulheres compravam flores para oferecer no Dia dos Namorados. Respondeu que sim, cada vez mais. Perguntei se os ramos eram diferentes, respondeu que de facto, elas tendem a preferir flores diferentes das costumeiras rosas e ramos mais «tecnológicos». Comentei, então, que aquela miúda gira, mais ou menos da minha idade, que tinha entrado há 10 minutos, tinha levado um desses ramos.
Respondeu que sim, que ela sempre foi muito bonita; ele menos, e que tinham levado uma paixão contra tudo e todos, contra, sobretudo, a família dela. Tinham, porque a outra paixão dele sempre foram as motas de 4 rodas; essas mesmo que, um ano depois de casados, lho levaram a ela. «Sabes, Inês, ela não disse, mas eu sei... Aquele ramo era para o jazigo.»


Banda Sonora (tristemente): Fico Assim Sem Você, Adriana Calcanhoto
Acrescento(s): No dia seguinte, não fosse alguém namorar menos por minha causa...

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