segunda-feira, janeiro 07, 2008

A tua barriga como plastron


Absolutamente fundamental é não baixar a guarda, nunca, braços à altura dos ombros, punhos à frente do nariz, nada diferente disto, não abrir os braços, não abrir a guarda, nunca.
Também é importante, muito, muito importante, desferir frontais e rotativos de uma maneira decente e escorreita. Ou seja, com força, com uma força surda e seca, mas sobretudo, sem deixar de todo escorregar o pé de base no soalho, mesmo que precisemos de o rodar e sem nunca, nunca, baixar a guarda ou perder o equilíbrio.
Há, depois, a questão do som, que deve vir do estômago e passar pela garganta, um exercício gutural automático, pancada no plastron, pá, grito, ah.

Deve ter sido o meu mal, baixar a guarda, perder o equilíbrio. Frontal no plastron, murro frontal, rotativo, sem baixar a guarda, sem perder o equilíbrio e penso em como era bom fazer da tua barriga um plastron. Frontal, murro lateral, não baixar a guarda, manter o equilíbrio, rotativo, pá, ah, pá, ah. A tua barriga, um plastron, o barulho da pancada seca e oca no teu estômago liso, vingança, porque acordo todos os dias com a garganta salgada e ranhosa de engolir lágrimas a pensar em ti.

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